ZX80 - O PREDECESSOR
Em 1979 o microcomputador já
era uma realidade em muitas empresas e para alguns poucos hobbystas,
com equipamentos como o TRS-80, o Apple II, o Commodore PET, entre
outros. No entanto, o microcomputador ainda não era um bem de consumo
de massa, principalmente devido ao seu alto custo e complexidade.
Coube ao genial e visionário inventor inglês Clive Sinclair mudar
esse cenário e a inspiração veio quando ele viu o seu filho se
divertindo com um microcomputador TRS-80 e imaginou que mais pessoas
poderiam ter acesso a essas máquinas revolucionárias se elas não
fossem tão caras (na época, o TRS-80 custava cerca de 500 libras
esterlinas). Assim, em fevereiro de 1980 surgia o ZX80, o primeiro
microcomputador a custar menos de £100.00.
O ZX80 tinha apenas 1 Kb de RAM e 4 Kb de ROM, um Basic que operava apenas com números inteiros e exibia somente imagens estáticas na tela. Foi comercializado em kit (a £79.95) e montado (a £99.95), e mesmo sem apresentar nenhuma inovação tecnológica para a época, tornou-se rapidamente um sucesso de vendas devido ao preço extremamente acessível.
ZX81 - A REVOLUÇÃO
No rastro do sucesso do ZX80, a Sinclair animou-se a lançar um novo microcomputador, o ZX81. Na verdade, o trabalho de desenvolvimento havia começado já em setembro de 1979, bem antes do lançamento do ZX80 e consistia no desenvolvimento do "Uncommitted Logic Array", ou ULA, que iria permitir a produção do novo microcomputador. A ULA, produzida pela Ferranti para a Sinclair, permitiu a redução do número de chips (para apenas 4) e do preço de venda da máquina, que foi comercializada por £49.95, em kit, e por £69.95, montado.
A resposta do mercado foi fenomenal e em apenas três meses o ZX81 vendeu 50 mil unidades, o mesmo que o ZX80 havia vendido em um ano, conquistanto de vez não só a Inglaterra e a Europa mas também o próprio santuário da informática mundial: os Estados Unidos. A Sinclair chegou a produzir 40 mil unidades por mês, mesmo assim, sem conseguir atender a toda a demanda pelo produto. Dois anos após o seu lançamento, já haviam sido vendidos mais de 1 milhão de ZX81.
O sucesso estrondoso do ZX81 virtualmente criou na Inglaterra um novo mercado de computadores domésticos, até então inexistente. Muitas empresas concorrentes surgiram na onda do sucesso dos micros Sinclair, para tirar vantagem do crescente entusiasmo do público pelos computadores domésticos. Muitas não conseguiram o retorno esperado, mas algumas, como a Acorn (criada por ex-funcionários da Sinclair), sobreviveram e prosperaram. Nos Estados Unidos, os micros Sinclair foram fabricados pela Timex, sob licença da Sinclair, com dois modelos compatíveis com o ZX81: o Timex Sinclair 1000 e o Timex Sinclair 1500. No resto do mundo, o ZX81 foi largamente copiado por diversas empresas em diferentes países sem que fosse pago um uníco centavo à Sinclair.
Fontes: | http://www.nvg.ntnu.no/sinclair/computers/zx80/zx80.htm |
O ZX81 NO BRASIL
Naquela época vigorava no Brasil a Reserva de Mercado de Informática, cria do Governo Militar, que impedia empresas estrangeiras de comercializar seus computadores por aqui. Devido a isso, a Sinclair não conseguiu penetrar no mercado brasileiro e cinco empresas, aproveitando-se da famigerada reserva, lançaram cópias dos ZX80/81: Microdigital (TK80/TK82, TK82-C, TK 83 e TK85), Prológica (NE-Z80, NEZ-8000, e CP-200) , CDSE (Apply300), Engebras (AS-1000) e Ritas do Brasil (Ringo).
Os primeiros a serem lançados foram, respectivamente, o NE-Z80 e o TK 80/TK82, em 1981. Virtuais réplicas do ZX80 em hardware e software, esses equipamentos tiveram vida breve, pois logo foram substituídos pelos NE-Z8000 e TK82-C.
Estes dois ainda eram baseados no ZX80,
mas adaptados para usar a ROM de 8Kb do ZX81. Além disso, o TK82-C
também incorporou o circuito gerador de NMI, responsável pela geração
da imagem durante o modo SLOW.
No final de 1982 e início de 1983 eram lançados o CP200 e o TK85,
respectivamente, tendo como características mais marcantes o melhor
acabamento em relação aos anteriores.
O CP200 foi apresentado em um gabinete robusto, com teclado do tipo
calculadora e fonte de alimentação embutida. Posteriormente, a
Prológica reformulou o CP200 e criou o CP200S, com um novo gabinete,
teclas maiores e coloridas, fonte de alimentação externa e uma saída
própria para ligar em monitores de vídeo.
Já o TK85 teve o gabinete claramente "inspirado" no ZX Spectrum e tinha como principal diferencial a adição de mais 2 Kb à ROM, contendo as rotinas para gravação em HISPEED e manipulação de dados em fita K7, algo inédito na linha ZX81 em todo o mundo. O seu teclado de borracha foi um avanço em relação ao teclado de membrana do TK82-C, mas ainda assim apresentava um inconveniente: se não fossem pressionadas exatamente no centro, as teclas tendiam a prender embaixo, obrigando o operador a puxá-las de volta para a posição normal, o que acabava comprometendo a velocidade da digitação.
O TK83, lançado em Outubro de 1983, veio substituir o TK82-C e ganhou uma melhoria considerável no design, ficando com dimensões bem próximas à do ZX81 original.
O Apply300, o AS-1000 e o Ringo foram lançados quase na mesma época, em meados de 1983, seguindo uma nova tendência do mercado brasileiro de pequenos equipamentos, que consistia em oferecer produtos de baixo preço compatíveis com o BASIC Sinclair, mas que apresentassem possibilidades de expansão capazes de lhes proporcionar um desempenho antes possíveis somente aos sistemas de maior porte.
Assim, esses micros apresentaram uma melhoria considerável nos teclados, interfaces seriais já incorporadas (AS-1000 e Apply300), SpeedFile de até 1 Mb e capacidade de manipular até quatro gravadores K7 para manipulação de arquivos (AS-1000), cartuchos Instant Soft e de alta-resolução (Ringo), entre outros.
Como pode-se ver, a linha ZX81 foi muito bem representada no Brasil sendo responsável pela iniciação de milhares de pessoas no mundo dos computadores. Apesar do ZX81 ser um equipamento básico e considerado por muitos como tendo exparsos recursos, com um pouco de criatividade e com o uso de alguns dos vários periféricos que foram desenvolvidos para ele, não deixava nada a desejar a computadores de maior porte, a um custo consideravelmente inferior.
Definitivamente, o ZX81 merece um capítulo próprio na História da Informática e não pode ser ignorado ou menosprezado quando se lembra daquela época.